Autismo: sintomas, diagnóstico e intervenções

autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno complexo do neurodesenvolvimento que afeta o comportamento, a comunicação e o funcionamento social.

O autismo afeta milhões de crianças em todo o mundo, tornando crucial que as famílias se envolvam ativamente na jornada de tratamento de seus filhos. De acordo com dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), nos Estados Unidos, 1 em cada 36 crianças possuem o TEA, em todo o mundo. 

No Brasil, apesar da falta de dados, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas tenham a condição. 

Os sintomas do autismo podem variar amplamente, por isso é considerado um “transtorno de espectro”. Comportamentos estranhos ou incorretos, problemas de comunicação e rotinas e rituais repetidos estão todos ligados ao TEA.

O diagnóstico precoce pode fazer uma enorme diferença na vida de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) e de suas famílias.

Embora o TEA possa ser diagnosticado entre os 15 e os 18 meses de idade, a idade média de diagnóstico é de cerca de 4,5 anos e algumas pessoas não são diagnosticadas até a idade adulta. 

Neste artigo, você irá entender melhor sobre o que é o autismo, seus sintomas, formas de diagnóstico e intervenções/tratamentos para o TEA.

Continue lendo!

O que é o Autismo?

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição neurobiológica complexa que afeta o desenvolvimento cerebral e interfere na habilidade de comunicação, interação social e comportamento da pessoa.

É chamado de “espectro” porque abrange uma ampla gama de sintomas, habilidades e níveis de funcionamento, variando de leve a grave.

Algumas características comuns do autismo incluem dificuldades na comunicação verbal e não verbal, dificuldades na interação social, interesses restritos e padrões repetitivos de comportamento, que iremos abordar melhor no decorrer deste texto.

Quais são as características do Autismo? 

Os transtornos do espectro autista (TEA) são descritos com base em critérios diagnósticos estabelecidos em manuais de classificação médica, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição) e a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, 10ª edição). 

Estes critérios consideram uma variedade de sintomas e comportamentos observados nas pessoas com autismo.

A seguir, estão algumas das características comuns descritas nos critérios diagnósticos: 

1. Dificuldades na comunicação:

  • Comunicação não verbal prejudicada, 
  • Contato visual reduzido, 
  • Expressão facial limitada, 
  • Gestos incomuns ou ausentes, 
  • Dificuldades em entender expressões faciais e linguagem corporal. 

2. Dificuldades na interação social:

  • Tanto em compreender e responder aos sentimentos e emoções dos outros. 
  • Quanto em desenvolver e manter relacionamentos sociais apropriados para a idade. 

3. Padrões repetitivos de comportamento e interesses restritos:

  • Comportamentos repetitivos ou estereotipados, como balançar o corpo, bater as mãos ou repetir palavras ou frases. 
  • Interesses ou atividades restritos e intensos, muitas vezes com foco em objetos específicos ou tópicos de interesse, e resistência a mudanças nessas rotinas. 

4. Hiper ou hipossensibilidade sensorial:

  • Reações incomuns ou extremas a estímulos sensoriais, como sensibilidade à luz, som, toque, cheiro ou sabor.

Como é feito o diagnóstico do autismo?

O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento e acredita-se que tenha um forte componente genético. No entanto, atualmente, exames médicos, como exames de sangue ou tomografias cerebrais, não podem ser usados para diagnosticar TEA. Em vez disso, os profissionais de saúde diagnosticam a condição com base no histórico e no comportamento do paciente.

O diagnóstico do autismo é realizado por profissionais de saúde qualificados, como psiquiatras, psicólogos, pediatras, neurologistas ou outros especialistas em desenvolvimento infantil. 

O processo de diagnóstico geralmente envolve várias etapas:

1. Avaliação Inicial:

 O médico realiza uma avaliação inicial com base nos relatos dos pais ou responsáveis sobre o comportamento e o desenvolvimento da criança.

Ele pode fazer perguntas sobre marcos do desenvolvimento, comportamentos observados e histórico familiar de autismo ou outras condições médicas.

2. Exame Físico e Avaliação Médica:

Um exame físico pode ser realizado para descartar outras condições médicas que possam estar contribuindo para os sintomas.

Testes laboratoriais podem ser solicitados para investigar problemas de saúde subjacentes.

3. Avaliação do Desenvolvimento e Comportamento:

O médico pode usar instrumentos padronizados de triagem, questionários e escalas de avaliação para observar o comportamento, as habilidades sociais, a linguagem e outras áreas do desenvolvimento da criança.

A observação direta do comportamento da criança em diferentes contextos pode ser realizada.

4. Avaliação Multidisciplinar:

Em muitos casos, uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde, incluindo psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros especialistas, pode estar envolvida na avaliação e no diagnóstico.

Esses profissionais podem conduzir avaliações específicas para determinar áreas de força e desafio da criança, bem como identificar a presença de características do autismo.

5. Critérios de Diagnóstico:

O diagnóstico de autismo é baseado em critérios estabelecidos em manuais de classificação médica, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição) ou a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, 10ª edição).

Para ser diagnosticada com autismo, uma pessoa deve exibir um conjunto específico de comportamentos e características, conforme definido nos critérios diagnósticos.

6. Feedback e Orientação:

Após a avaliação, os profissionais de saúde fornecem feedback aos pais ou responsáveis sobre os resultados da avaliação e discutem opções de tratamento e suporte disponíveis.

Eles também podem oferecer orientações sobre recursos locais, programas educacionais e terapias que podem beneficiar a criança.

Atenção na hora do diagnóstico! 

Os sintomas e a gravidade podem variar amplamente de uma pessoa para outra, e muitas vezes são acompanhados por outras condições médicas ou de saúde mental, como epilepsia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade ou depressão. 

Além disso, devemos destacar que nem todas as pessoas com autismo apresentam todos esses sinais e sintomas, e a gravidade pode variar amplamente, com alguns sinais sendo mais evidentes a depender da idade do indivíduo. 

O diagnóstico de autismo é um processo complexo e individualizado, e é importante que seja realizado por profissionais experientes e qualificados. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais cedo a criança pode começar a receber intervenções e suportes adequados para ajudá-la a alcançar seu potencial máximo.

Se houver preocupações sobre o desenvolvimento de uma criança, é importante procurar avaliação e orientação profissional o mais cedo possível.

Quais os tipos de tratamento para o TEA?

O Autismo é uma condição que não possui uma “cura”, no entanto, possui uma gama de intervenções para atenuação de sintomas e melhoria de qualidade de vida.

O tratamento do autismo geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar que visa abordar os diversos aspectos da condição e melhorar a vida da pessoa com autismo. 

Algumas dessas abordagens são:

Intervenção comportamental e educacional:

  • Terapia comportamental, como ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que se concentra em reforçar comportamentos positivos e ensinar habilidades sociais, comunicativas e funcionais.
  • Educação especializada, com planos de ensino individualizados que se concentram nas necessidades específicas da criança, incluindo estratégias de aprendizado adaptadas.

Terapia da fala e linguagem: 

Terapia da fala e linguagem para ajudar a melhorar a comunicação verbal e não verbal, incluindo habilidades de conversação, compreensão da linguagem e uso funcional da fala.

Terapia ocupacional: 

Terapia ocupacional para ajudar a desenvolver habilidades motoras finas, habilidades de autocuidado e habilidades de integração sensorial.

Intervenção sensorial: 

Estratégias para lidar com sensibilidades sensoriais e ajudar a pessoa a regular e responder aos estímulos sensoriais de forma mais adaptativa. 

Farmacoterapia: 

Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para tratar sintomas específicos associados ao autismo, como hiperatividade, agressão, ansiedade ou transtornos do sono. 

Intervenções sociais e de comunicação:

  • Treinamento em habilidades sociais para ajudar a pessoa com autismo a entender e se envolver em interações sociais apropriadas.
  • Estratégias de comunicação alternativa, como o uso de sistemas de comunicação aumentativa e alternativa (CAA), para indivíduos com dificuldades significativas na fala. 

Apoio familiar e suporte psicossocial: 

Educação e suporte para pais e familiares sobre o autismo, incluindo estratégias de manejo de comportamento, apoio emocional e orientação sobre recursos e serviços disponíveis. 

Abordagens integrativas e complementares:

Algumas famílias podem explorar abordagens complementares, como dietas específicas, suplementos nutricionais, terapias de equitação e terapias baseadas em artes, embora a eficácia dessas abordagens varie e deva ser discutida com um profissional de saúde.

É importante ressaltar que o tratamento e a intervenção devem ser adaptados às necessidades individuais da pessoa com autismo e serem baseados em uma avaliação abrangente realizada por profissionais qualificados. 

Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores são as chances de melhorar os resultados a longo prazo. O apoio contínuo e a colaboração entre pais, cuidadores, profissionais de saúde e educadores são fundamentais para o sucesso do tratamento do autismo.

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